AS CONTRIBUIÇÕES DO BLOCKCHAIN PARA O MAAS
Nesta semana estava navegando pela internet e encontrei este incrível texto da Sandra Witzel (que faz parte da startup australiana SKEDGO https://skedgo.com/could-blockchain-provide-maas-with-the-open-ecosystem-it-needs/)
Por isso resolvi traduzir o texto e fazer algumas adequações para nossa realidade brasileira. O artigo tem como propósito apresentar o Blockchain que já existe há algum tempo e é uma tecnologia com potencial para fortalecer a mobilidade como serviço (MaaS), então será apresentado o que é blockchain, os seus prós e contras, bem como algumas possibilidades futuras para a mobilidade.
O que é blockchain?
Blockchain é o que é conhecido como uma tecnologia de contabilidade distribuída (DLT). Foi inicialmente concebido 2008 por Satoshi Nakamoto. É essencialmente um banco de dados descentralizado que é distribuído em vários ‘nós’ de computadores, refletindo um registro idêntico. Este banco de dados é composto de blocos de informações que são ‘encadeados’ juntos usando criptografia. Apenas novos blocos “aprovados” podem ser adicionados à cadeia. A imutabilidade é uma parte importante da tecnologia, com o tempo dos blocos estampado para auditoria e rastreabilidade.
Qual sua relação com o MaaS?
Blockchain é sinônimo de mercado financeiro e está começando a ser usado em bolsas de valores. Outros mercados também estão explorando blockchain, dentre eles podemos destacar o setor de transporte – particularmente frete e logística -, pois há vários benefícios em potencial.
Vale ressaltar que o problemas atual do MaaS é que ele é um mercado fragmentado com muitos sistemas diferentes de solicitações (agendamento), emissão de bilhetes e outros sistemas proprietários que não são centrados no consumidor. Todos estão competindo pelo controle – e isso geralmente significa sistemas centralizados. Blockchain pode nos permitir uma abordagem diferente e mais favorável.
Os prós e contras do blockchain
É o fato de que blockchain ser descentralizado, o que o torna tão atraente. E isto poderia transformar o MaaS em um ecossistema realmente aberto e facilitar sua escalabilidade. Mas existem outros benefícios potenciais para o setor de transporte:
Permite o compartilhamento de dados entre os stakeholders que não conhecem ou confiam uns nos outros. Isso poderia suportar uma maior colaboração entre provedores de transporte concorrentes ou até mesmo abrir novos modelos de negócios.
Não há necessidade de intermediários, como financeiro ou legal, devido a contratos inteligentes. Isso significa que não há intermediários, o que poderia reduzir os custos e tornar o processo mais rápido e eficiente.
As transações podem ser facilmente auditadas e rastreadas, à medida que os dados são invioláveis; não pode ser alterado ou excluído depois de ter sido confirmado no blockchain.
Ele fornece uma única versão da verdade – dentro de segundos, não horas ou dias (como é no presente). O que isso significa para o setor? Análise em tempo real e relatórios sobre problemas de capacidade e interrupções de transporte, bem como a oportunidade de otimizar o sistema. Isso é essencial, independentemente de você estar movendo pessoas ou mercadorias.
Os usuários finais, por exemplo, o passageiro, podem possuir e gerenciar seus próprios dados – além do benefício para o cliente, ele também pode ajudar a apoiar o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR).
Blockchain tem o potencial de abrir o MaaS para grandes e pequenos players, trazendo mais opções para o usuário final, evitando o atual mercado fragmentado.
Naturalmente, com todos os aspectos positivos, existem questões potenciais que também precisam ser abordadas. Em primeiro lugar, ainda é relativamente pouco testado no setor de transportes, embora claramente haja projetos-piloto em andamento. Alguns dos possíveis problemas podem incluir:
Taxa de transferência e latência: blocos de informações precisam ser adicionados prontamente ao blockchain. Os mecanismos usados para ‘aprovar’ os dados afetam o custo computacional. A prova da aposta, por exemplo, é menos dispendiosa do que a prova de trabalho.
Implicações legais: se os dados não podem ser apagados, isso entra em conflito com a legislação atual, em que um indivíduo tem o direito de ser esquecido. Se os dados são imutáveis, o que acontece quando um usuário deseja apagar o seu MaaS?
Questões de segurança cibernética: porque é cedo, os riscos e consequências da tecnologia são difíceis de avaliar. Em teoria, o blockchain deve ser muito seguro, mas ainda é desconhecido. A privacidade também é outra preocupação fundamental.
Mentalidade organizacional: as empresas não estão acostumadas a trabalhar de maneira descentralizada. O controle faz parte do seu espirito. A mudança de mentalidade que o blockchain exigiria poderia ser um desafio para muitas organizações. E aí está uma parte importante do problema com blockchain. Sim, existem preocupações tecnológicas, legais e de segurança, mas a disposição organizacional de estar aberto a novas formas de trabalho é imprescindível. Você só precisa observar quanto tempo levaram muitas organizações para migrar para a nuvem. É compreensível em alguns aspectos, uma vez que muito tempo e dinheiro foram investidos nos sistemas existentes. Mudar ou pilotar novas ideias pode parecer esmagadora também.
Como a TravelSpirit aponta em seu informe oficial, Protocolo TSio: A Internet da Mobilidade , “Sistemas complexos para solicitação, emissão de bilhetes, agendamento e planejamento de viagens, construídos em torno do fornecimento de dados e transporte, estão criando barreiras à inovação e uma experiência de usuário ininterrupta”. Juntamente com isso, encontra-se a tendência comercial de querer manter o controle e manter o status quo por medo de perder “seus” clientes. E continua: “Este não é um futuro para o qual estamos ansiosos, e não se encaixa na tendência mais ampla de mercados descentralizados, que está sendo possibilitada pelas tecnologias da Internet das Coisas e do Blockchain”.
Um futuro de possibilidade
Embora não possamos subestimar a complexidade de habilitar o blockchain, ele certamente tem o potencial de redefinir e sedimentar o MaaS para criar um futuro melhor para o transporte. E apesar das questões, há empresas em todo o setor automotivo e de transporte que querem mudar a maneira como pensamos e usar a mobilidade com blockchain no coração, como a Mobility Open Blockchain Initiative ( MOBI ) , que visa tornar a mobilidade mais segura, menos caro, ambientalmente amigável e melhorar a acessibilidade para todos.
E é isso que a maioria do mercado quer ver. Como destacado no artigo anterior da Catapult e da Sheffield University , “Blockchain representa uma oportunidade para mitigar problemas de plataforma centralizada, com princípios abertos, transparentes e descentralizados. Ele poderia moldar novos mercados de novas maneiras e impulsionar a inovação do MaaS em uma direção diferente. ”Esses princípios subjacentes são fundamentais para o sucesso do MaaS, o que torna vital levar as tecnologias como o blockchain a sério e entrar em um território desconhecido. Afinal de contas, o acesso aberto a dados, APIs, ofertas de mobilidade e muito mais ajudará a reforçar o MaaS e esperamos que nos aproximemos mais da experiência de viagem integrada que nossos usuários realmente merecem.
Conclusão
Sabemos que tal situação para estar anos-luz do Brasil, principalmente em decorrência da nossa legislação altamente burocrática e fragmentada entre a União, estados e municípios. Portanto, para avançarmos em relação ao MaaS devemos primeiramente fortalecer o transporte público coletivo no aspecto relacionado a flexibilização da sua regulação. E também criar um ambiente favorável para entrada de nossos provedores de mobilidade que possam junto com o transporte público formar uma rede única de atendimento as necessidades de deslocamento da população, criando assim um ambiente favorável para a MOBILIDADE COLETIVA.