UMA NOVA ERA PARA O TRANSPORTE PÚBLICO
O impacto do COVID-19 e de todos os bloqueios nacionais subsequentes provocou uma grande transformação nos hábitos das pessoas. Em relação ao transporte público o número de passageiros chegou a cair em até 80 por cento no auge da pandemia. Mas o neste novo, mesmo com o aumento de casos (mas com uma significativa redução na mortalidade) a pauta tem que ser o futuro – devemos começar a reconstruir nossas economias e retornarmos à normalidade.
Antes da pandemia, o mundo já estava apresentando novas questões sociais como digitalização dos serviços; questionamento quanto a urbanização; e reflexões em relação as mudanças climáticas; tais temas impactam diretamente o setor de transporte público - agora, enquanto reestruturamos o mundo pós-pandêmico, essas questões se tornaram muito relevantes.
A digitalização se acelerou durante a pandemia e respondemos implementando rapidamente sistemas de pagamento sem contato em nossa rede e soluções digitais, como aplicativos para reserva e planejamento de viagens. A urbanização continua a ser uma tendência fundamental, com previsões mostrando que, em 2050, podemos esperar que aproximadamente 87 por cento da população da brasileira tenha se mudado para vilas e cidades, enquanto as áreas rurais deverão se tornar menos atraentes. Então, é claro, a mudança climática agora se tornou uma emergência climática e, com a COP26 se aproximando rapidamente.
Concomitantemente, o transporte público desempenhou um papel importante durante a pandemia - atendendo às comunidades e prestando serviços vitais aos trabalhadores-chave e àqueles que não podiam trabalhar em casa. No entanto, para aqueles que podiam trabalhar ou estudar em casa, constatou-se que a pandemia tinha proporcionado a oportunidade de adotarem um estilo de vida diferente e, em alguns casos, mais equilibrado, o que posteriormente levou a uma reavaliação dos seus hábitos de viagem e padrões.
O aumento do trabalho remoto é uma tendência que parece destinada a ficar, e nossa experiência nos diz que as pessoas passaram a apreciar a maior flexibilidade de que dispõem agora. Com isso a tolerância para serviços lotados caiu e o desejo de usar vários modos, incluindo viagens ativas, como parte de uma viagem aumentou. Isso significa que o transporte público não está apenas competindo com outros modos, como o carro, mas também com a decisão de não viajar.
Mudanças no estilo de vida também significam que as pessoas passam mais tempo em casa e, portanto, em suas áreas locais, e isso também significa mudanças em seus hábitos de viagem. Mas, mesmo assim, o transporte público continua altamente relevante e necessário a grandes camadas da sociedade e terá um papel fundamental na agenda de descarbonização.
Aqui está a oportunidade. Pós-pandemia, a reflexão será em relação as altas densidades populacionais e a infraestrutura urbana que irão exacerbar desafios históricos, como: a degradação ambiental, poluição do ar e congestionamento. Esses desafios não podem ser resolvidos sem olhar para os novos hábitos de transporte e mobilidade.
Mas qual seria o melhor planejamento - Novas redes de transporte público com maior conectividade? Ampliação ao acesso dos modos ativos e novos modos, como bicicletas e e-scooters? Transporte Responsivo à Demanda (DRT), que permite às pessoas moldar o serviço de que precisam e decidir quando precisam? Este é o tipo de conversa que queremos ter com as nossas autoridades de transporte de passageiros.
Neste sentido, existe uma clara oportunidade de moldar a mobilidade futura e encorajar novos hábitos, trabalhando em conjunto com governos e autoridades de transporte para que possamos fornecer serviços de mobilidade adequados para as necessidades em evolução dos passageiros.
Para ajudar a atender às mudanças no comportamento dos passageiros, soluções como o DRT e a maior integração entre viagens ativas e transporte público podem fornecer opções mais flexíveis e mais adaptadas à forma como as pessoas desejam viajar.
Por último, o uso de soluções de Mobilidade como Serviço (MaaS) tem um papel importante a desempenhar no desenvolvimento de redes de transporte adequadas às realidades de hoje e de amanhã.