Gestão Metropolitana do Transporte Público em Goiás - Um exemplo para o Brasil


Miguel Angelo Pricinote - Subsecretário de Políticas para Cidades e Transporte no Governo de Goiás | Especialista em Transportes Urbanos. 23 de janeiro de 2024

A Rede Metropolitana de Transportes Coletivos (RMTC) é um sistema de transporte público que atende a região metropolitana de Goiânia, capital do estado de Goiás. A RMTC passou por diversas fases ao longo de sua história, desde o caos até a modernização, graças às ações lideradas pelo Governo de Goiás por meio da Secretaria Geral de Governo.

PRIMEIRO ATO - CAOS

Desde do início dos anos 2000, a RMTC enfrentava uma situação crítica, marcada pelo abandono por parte do poder público, principalmente pelo governo estadual, que não investia na melhoria e requalificação do Eixo Anhanguera, a principal linha de ônibus da região, operada pela empresa estadual Metrobus. A estatal era usada de forma eleitoreira, sem transparência ou eficiência, gerando prejuízos para o sistema e para os usuários.

Além disso, a partir das revoltas populares de 2013 contra o aumento das tarifas de ônibus, havia uma falta de relacionamento entre os prefeitos dos municípios atendidos pela RMTC e o governo estadual, o que dificultava a gestão integrada e a tomada de decisões conjuntas. A Câmara Deliberativa do Transporte Coletivo (CDTC) e a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), órgãos responsáveis pela regulação e fiscalização do transporte, eram politizadas e se reuniam somente para definir as tarifas, sem considerar as demandas e/ou as necessidades da população.

Para agravar de vez a situação, a pandemia de Covid-19 trouxe uma série de desafios para o setor, como a queda na demanda, o aumento dos custos, a redução da oferta, o risco de contaminação e a necessidade de medidas sanitárias. A RMTC entrou em colapso, com atrasos, lotação, paralisações, protestos e insatisfação generalizada.

SEGUNDO ATO – ESTABILIZAÇÃO

Diante desse cenário ,onde muitos acreditavam ser impossível reverter, o Governador de Goiás, senhor Ronaldo Caiado, tomou uma série de medidas para estabilizar a RMTC e garantir a continuidade do serviço essencial de transporte público. Uma das principais ações foi o auxílio emergencial durante a pandemia, que consistiu em um repasse financeiro para as empresas concessionárias, a fim de cobrir parte do déficit causado pela crise sanitária e evitar o aumento da tarifa para os usuários.

Outra medida importante foi a aprovação da Lei Complementar Estadual 169/2021, que reestruturou o sistema de transporte coletivo e diferenciou a tarifa técnica, paga às operadoras, da tarifa do usuário, paga pelos passageiros. Essa lei permitiu uma maior transparência, equilíbrio e sustentabilidade financeira para o sistema, além de possibilitar a implementação de subsídios e benefícios tarifários para os usuários.

Além disso, o Governo de Goiás promoveu uma maior participação e articulação entre os entes públicos envolvidos na gestão do transporte, fortalecendo o papel da CDTC e da CMTC.

A CDTC passou a estudar e apontar as novas soluções para o transporte, como a mobilidade como serviço, a requalificação do Eixo Anhanguera, o BRT Norte-Sul e a eletrificação do Eixo Anhanguera. Essas deliberações visavam melhorar a qualidade, a eficiência, a segurança e a sustentabilidade do transporte coletivo na região metropolitana.

TERCEIRO ATO – INVESTIMENTOS E AÇÕES IMEDIATAS

Com a estabilização da RMTC, o Governo de Goiás iniciou uma série de investimentos e ações imediatas para modernizar o sistema e atender às demandas dos usuários. Uma das primeiras obras será a reforma da Estação Hemocentro. A obra teve início em janeiro de 2024 e tem previsão de conclusão para julho do mesmo ano.

Outra obra importante é a reforma do Terminal Novo Mundo, ampliando as opções de mobilidade para os usuários. A obra terá início em fevereiro de 2024 e tem previsão de conclusão para outubro do mesmo ano.

Além das obras, o Governo de Goiás também investiu na renovação da frota de ônibus, com a chegada de 18 ônibus elétricos, que começarão a circular em fevereiro de 2024 e devem ser todos entregues até dezembro do mesmo ano. Esses ônibus são mais silenciosos, confortáveis, econômicos e ecológicos, contribuindo para a redução da poluição sonora e atmosférica.

Outras ações imediatas foram a integração do programa Mulher Segura com o sistema de bilhetagem eletrônica SIM RMTC, que visa garantir a segurança e o respeito às mulheres no transporte público; a manutenção dos abrigos dos pontos de ônibus, que estavam danificados e sujos; e a implantação de um novo modelo de abrigo, mais moderno e funcional.

Além disso, o Governo de Goiás anunciou a compra de 200 novos ônibus com ar-condicionado, que devem chegar até junho de 2024, aumentando o conforto e a satisfação dos usuários.

QUARTO ATO – INVESTIMENTOS E AÇÕES ATÉ 2026

O Governo de Goiás tem um plano de investimentos e ações para a RMTC até 2026, que prevê a continuidade das obras e da renovação da frota, além da manutenção da tarifa em R$ 4,30, sem reajustes. Entre as ações previstas, estão:

Além disso, o Governo de Goiás pretende renovar totalmente a frota de 1.000 ônibus até dezembro de 2026, substituindo os veículos antigos e poluentes por novos e sustentáveis.

Com esses investimentos e ações, o Governo de Goiás espera transformar a RMTC em um sistema de transporte público de qualidade, eficiente, seguro, acessível e ambientalmente responsável, que atenda às necessidades e às expectativas da população da região metropolitana de Goiânia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo teve o objetivo de mostrar a evolução recente da RMTC e as ações lideradas pelo Governo de Goiás para melhorar o transporte público na região metropolitana de Goiânia. O artigo relatou como o sistema superou as dificuldades e se modernizou, graças aos investimentos e às medidas tomadas pelo poder público, em parceria com os demais entes envolvidos na gestão do transporte.

Por fim, o artigo indicou os desafios e as perspectivas para o futuro da RMTC, que dependem da continuidade e da ampliação dos investimentos e das ações, bem como da participação e da satisfação da população.