Motociclistas e Corredores de Ônibus: Uma Alternativa Viável para a Redução de Acidentes?
Miguel Angelo Pricinote Subsecretário de Políticas para Cidades e Transporte no Governo de Goiás | Especialista em Transportes Urbanos. 11 de setembro de 2024
Com o aumento da frota de motos, impulsionado pelo surgimento dos aplicativos de transporte e de delivery, cresceu a taxa de acidentes: segundo um estudo da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), divulgado em 2023, houve um aumento de 53% na taxa de mortalidade de motociclistas no país no período de 29 anos analisado pelos pesquisadores.
Em Goiânia, segundo o Informe Epidemiológico Nº 01/2024 da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a taxa de mortalidade por sinistros fatais envolvendo motociclistas aumentou 16% (de 6,3 em 2019 para 7,3 por 100 mil habitantes em 2023). A maioria das lesões fatais ocorridas foram de indivíduos do sexo masculino (86,7%), na faixa etária entre 20 e 29 anos (37,2%) e de raça parda (65,5%).
Diante do aumento significativo das taxas de mortalidade entre motociclistas e do impacto crescente dos serviços de entrega por motocicletas, torna-se imperativo a implementação de medidas concretas e eficazes para garantir a segurança desses trabalhadores. O próprio documento da SMS destaca necessidade de investimento em infraestrutura viária que beneficie motociclistas, como adoção de faixas exclusivas e melhorias na pavimentação.
Neste cenário que surge à política pública que permitirá a utilização dos corredores de ônibus por motociclistas que, embora controversa, apresenta-se como uma alternativa viável para reduzir conflitos com o tráfego geral e melhorar os tempos de viagem. No entanto, é crucial que essa medida seja acompanhada de investimentos robustos em infraestrutura, educação e fiscalização, conforme recomendado pelo Informe Epidemiológico e estudos correlatos.
A proposta não surgiu do nada; baseia-se em um estudo apresentado pelo Departamento de Transporte do Governo do Reino Unido. Segundo o estudo os benefícios potenciais incluem: tempos de viagem melhorados para os motociclistas; Melhoria da segurança dos motociclistas, eliminando potenciais conflitos com o tráfego geral; redução do congestionamento para outros motoristas em rotas atualmente usadas por motociclistas; clareza e consistência para os motociclistas, especialmente em áreas urbanas onde os corredores de ônibus cruzam as fronteiras das autoridades locais
Já as desvantagens potenciais incluem: possíveis impactos na segurança de outros utentes vulneráveis da estrada, especialmente pedestres e ciclistas e possíveis impactos negativos nos tempos de viagem de ônibus
A adoção de políticas públicas que visem proteger os motociclistas não só beneficia diretamente esses profissionais, mas também contribui para um trânsito mais seguro e eficiente para todos. A integração de corredores de ônibus mais largos e bem planejados, associada à conscientização e ao cumprimento das leis de trânsito, pode transformar a mobilidade urbana, reduzindo acidentes e salvando vidas. É hora de reconhecer a força vital dos motociclistas e garantir que a infraestrutura da cidade evolua para apoiá-los de forma segura e sustentável.