Zygmunt Bauman – Religião Líquida


Na modernidade, a ética era simplesmente uma questão de seguir um conjunto de regras prescritas já estabelecidas por instituições como o Estado ou a Igreja. Com efeito, para a maior parte da modernidade, a responsabilidade individual foi abolida: bastava para ser um 'bom cidadão' adotar as normas sociais relevantes de acordo com sua classe/gênero/etnia e obedecer à lei.

No entanto, na modernidade líquida aboliu-se todas essas regras externas, e a moralidade tornou-se uma questão de escolha pessoal: a moralidade tornou-se privada.

Na modernidade, os indivíduos tendiam a ter 'projetos de vida': queriam realizar coisas com suas vidas, atingir certos objetivos, que eram tipicamente estabelecidos pela sociedade.

Na modernidade líquida, os indivíduos estão mais preocupados com um processo de autoconstituição: ao invés de alcançar coisas, eles querem 'ser alguém'. Eles estão mais preocupados em serem notados, sendo visíveis para os outros, mas ainda individualmente responsáveis ​​por todos os aspectos de sua identidade individual.

Neste sentido, de acordo com Bauman, agora que os indivíduos se consideram responsáveis ​​por suas próprias identidades, eles se voltam cada vez mais para "especialistas em moralidade" para orientação e fiscal dos demais sobre "como ser".

Nesse contexto, os líderes religiosos estão perdendo importância, uma vez que, agora todos os indivíduos se consideram como especialistas em 'moralidade'

E a religião passa a ser vista na modernidade líquida como um selo que pode fazer com que o indivíduo possa ser cancelado e assim não terem mais a moralidade adequada para participar de um determinado grupo de pessoas especiais.