O mundo na Cosmovisão Cristã

C.S. Lewis foi um brilhante autor de livros de fantasias (com destaque a bestseller Crônicas de Nárnia), o que poucos sabem é que ele também era cristão e escrevia com frequência sobre a reflexão do mundo através da cosmovisão cristão. Neste sentido o propósito deste capítulo é apresentar estas reflexões e traçar um paralelo com a visão libertária.

Lewis afirmava que temia o governo em nome da ciência pois era assim que surgiam as tiranias. Em todas as épocas, os homens que nos querem sob seu controle, se tiverem algum bom senso, apresentavam a pretensão particular que as esperanças e medos daquela época tornam mais potentes. Eles já usaram o 'dinheiro', a magia e até mesmo o cristianismo. Agora certamente usam a ciência.

Então os maiores problemas globais são, para Lewis, a fome, doença e o pavor da guerra. E somente a tecnocracia global onicompetente pode nos salvar. No mundo antigo, os indivíduos vendiam-se como escravos para comer. Assim a sociedade se entregava devido ao medo: a um feiticeiro poderoso que pode nos salvar dos feiticeiros – a um senhor da guerra que pode nos salvar dos bárbaros, a uma igreja que pode nos salvar do inferno. O medo faz com que os indivíduos se entreguem aos salvadores amarrados e com os olhos vendados, se eles quiserem!

O resultado disto tudo para Lewis é que alguns homens se encarregaram e encarregarão do destino dos outros. Eles serão simplesmente homens; nenhum perfeito; alguns gananciosos, cruéis e desonestos. É assim que surgiu e se consolida a ideia de “estado”.

Quanto mais completamente formos planejados, mais poderosos eles serão. Será que descobrimos alguma nova razão pela qual, desta vez, o poder não deve corromper como antes?

Outro ponto trabalhado do C.S. Lewis foi a questão entre a longevidade e a qualidade de vida. Progresso, para ele, significava aumentar a bondade e a felicidade das vidas individuais. Para a espécie, como para cada indivíduo, a mera longevidade parecia um ideal desprezível. Acreditava que viver a sua vida à sua maneira, chamar a sua casa de castelo, desfrutar dos frutos do seu próprio trabalho, educar os seus filhos de acordo com a sua consciência, poupar para a sua prosperidade após a sua morte – estes são desejos profundamente enraizados em homem civilizado. Sua realização é quase tão necessária para nossas virtudes quanto para nossa felicidade. De sua frustração total, resultados desastrosos, tanto morais quanto psicológicos, podem ocorrer.

Outra reflexão do brilhante autor era em relação a coerção estatal, principalmente quanto a religião. Como exemplo ele citava que para os não crentes a religião era uma neurose. E quando a neurose se tornar inconveniente para o governo, o que impedirá que os cristãos sejam submetidos a uma "cura" compulsória? Pode ser doloroso; tratamentos às vezes são. Mas não adianta perguntar: 'O que eu fiz para merecer isso?' O carrasco responderá: 'Mas, meu caro amigo, ninguém está te culpando. Estamos curando você.

Lewis afirmava que as ameaças do governo eram terríveis o suficiente, mas que poderíamos suportar. Mas eram as promessas estatais que trazem o desespero. Portanto, uma tirania exercida para o bem de suas vítimas será a mais opressiva.

Ele também criticava aqueles que tinham a crença de que o processo que o Partido (Comunista) incorporava era inevitável e a crença de que o encaminhamento da revolução era o dever supremo de revogar todas as leis morais comuns. Nesse estado de espírito, os indivíduos virariam somente adoradores do diabo, no sentido de que agora podem honrar e obedecer a seus próprios desejos e vícios. Sabemos que todos às vezes obedecem a seus vícios: mas é quando a crueldade, a inveja e a ânsia de poder aparecem como comandos de uma grande força que eles podem ser exercidos com autoaprovação.

Sob as condições atuais, qualquer convite efetivo ao Inferno certamente aparecerá sob a forma de planejamento científico, acreditava Lewis – como o regime de Hitler de fato fez. Todo tirano deve começar afirmando ter o que suas vítimas respeitam e dar o que elas querem. A maioria na maioria dos países respeita a ciência e quer ser planejada. E, portanto, quase por definição, se algum homem ou grupo deseja nos escravizar, é claro que se descreverá como 'democracia científica planejada'. Mais uma razão para olhar com muito cuidado para qualquer coisa que ostente esse rótulo.

E grande parte do entusiasmo democrático vem das ideias de pessoas como Rousseau, que acreditava na democracia porque considerava a humanidade tão sábia e boa que todos mereciam uma parte do governo. O perigo de defender a democracia com base nisso é que eles não são verdadeiros. A verdadeira razão para a democracia é exatamente o contrário. O homem é tão vil que não se pode confiar em nenhum homem com poder incontrolável sobre seus semelhantes.

Portanto, existem duas razões opostas para ser um democrata. Você pode pensar que todos os homens são tão bons que merecem uma parte do governo da comunidade, e tão sábios que a comunidade precisa de seus conselhos. Essa é, na minha opinião, a falsa e romântica doutrina da democracia. Por outro lado, você pode acreditar que a humanidade pecadora é tão perversa que não se pode confiar a nenhum homem poder irresponsável sobre seus semelhantes. Nisto Lewis acreditava ser o verdadeiro fundamento da democracia como uma oposição a tirania e ao absolutismo.

Infelizmente, C.S. Lewis pouco se aventurou nas ideias do Cristianismo Libertário mas mesmo assim ficava claro em seus escritos a preocupação dele em relação a um governo humano mundano com o monopólio da força. Somente uma sociedade baseada no respeito mútuo e com base nos valores cristãos poderia viver harmonicamente em um mundo que jaz no maligno.